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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Tradição de Natal - Pintando o Sete

Falei tanto desta tradição de natal da minha família no twitter e em outros blogs que precisava virar um post.

Quando crianças nosso natal começava bem mais cedo, ainda nos preparativos. Solução criativa da minha mãe para a ausência do meu pai devido a viagens de trabalho. Era uma forma dele estar presente no “natal”.

Entre os preparativos um que sempre adorei  foi pintar os vidros da casa. Minha mãe fazia o contorno e nós, ainda crianças, a ajudávamos a colorir o desenho. Aos poucos eu assumi a tarefa e no dia de colorir meus irmãos se uniam a mim, algumas vezes filhos de amigos, depois sobrinho.  Este ano, meu filho já com 3 anos, pintou comigo pela primeira vez.  Foi um momento muito especial.

Registro do filhão pintando pela primeira vez

É sucesso garantido entre as crianças.

Afilhado pintando com ajuda da mãe


Nossa arte!
Para quem quiser aderir seguem as dicas e como fazer:

1. Use tinta guache, tenha um copo com água para limpar os pincéis e um pano

2. Eu costumo desenhar primeiro no papel em tamanho menor e deixar preso no vidro para ir olhando. Se errar não tem problema, deixe a tinta secar um pouco e retire o que quiser com pano seco ou ligeiramente úmido.

3. Faça o contorno com a tinta preta.

4. Deixe as crianças se divertirem pintando. Lembre-se que o importante não é o desenho ficar perfeito, mas a brincadeira em si.

5. Quando as crianças terminarem você pode retirar o excesso de tinta com o pano. Refaça o contorno com mais uma camada da tinta preta.

6. Fica mais bonito do lado oposto da tinta. Se você for pintar sem crianças pode usar o movimento das pinceladas para fazer efeitos (por exemplo ondas na barba e cabelo).

7. Como está pintando no vidro lembre-se de evitar palavras pois do lado oposto não fará sentido algum ;-)

Feliz Natal!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quebre este ciclo!

Meu pai foi um verdadeiro pai herói! Trabalhava muito, mas sempre (ou quase sempre) voltava para casa antes da nossa hora de dormir, os finais de semana eram dedicados à família, os passeios eram os mais diversos, quase tão grandes quanto sua imaginação. Ele nos fez fantasiar, criar, sonhar e saber que somos capazes de tudo. Pai amoroso e presente, sempre.

Devem estar se perguntando porque estou contando tudo isto. Meu pai teve uma infância, não só muito humilde, mas sofrida. Além da escassez de dinheiro e dias que passou apenas com um copo de leite, ele não recebeu carinho. Ele e os irmãos passavam o dia com uma tia avó, com certeza aprontavam suas traquinagens, recebiam castigos, palmatórias. Quando o pai retornava do trabalho escutava as reclamações da tia e isto gerava surras de graveto, cinto e o que estivesse ao alcance.

Aos 8 anos ele começou a trabalhar com a minha avó: ela era lavadeira e ele carregava as roupas para ela e ajudava nas entregas. Provavelmente ele achou que sua vida melhoraria, infelizmente os castigos físicos foram trocados por humilhações emocionais.  Gritos eram corriqueiros e ela não perdia oportunidade em tentar desacredita-lo, humilha-lo.

Poucas pessoas sabem disto. Hoje abro a história de uma pessoa tão importante na minha vida, tão maravilhosa, com um único objetivo. Mostrar que é possível quebrar o ciclo.

Não vou dizer que meu pai não tinha temperamento forte, que não teve que lutar ainda mais por seus objetivos e até brigar com a tendência a depressão. Ele teve sim momentos em que seu passado o influenciou negativamente. Recebi um cascudo do meu pai, uma única vez. Tenho certeza que doeu mais nele do que em mim. Depois deste cascudo recebi  apenas “sermões”, longas conversas, estas sim me marcaram, mas também me ensinaram muito.

Quando minha avó faleceu o enterro teve pouquíssimas pessoas presentes. Meu pai, em um momento em que estava apenas com minha mãe (eu estava presente, mas afastada) chorou muito, chamando por sua mãezinha. Ele cuidou sempre muito bem de sua mãe, mas aquele choro não parecia um choro só de saudades, mas um choro pela mãe que ele desejou um dia ter.

A mensagem que quero deixar é que não importa o passado, podemos crescer, melhorar. Não importa se recebeu palmada e está bem, se sua mãe gritava e você superou, é possível fazer melhor. Em casos como o do meu pai, até dar o carinho que nunca recebeu. O cliclo de violência pode e deve ser quebrado. É possível, eu vi!

Para quem ainda não leu, publiquei aqui um texto em homenagem ao meu pai

Para ler mais textos criados para #blogagemcoletiva visite o Blog da Ti

Para mais informações sobre o assunto indico o site da rede Não Bata. Eduque.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Depoimento sobre Desmame

Algumas amigas tem me cobrado um depoimento sobre o desmame, pois costumo relatar ter sido relativamente tranquilo. Não sei se foi a natureza, que apagou qualquer dificuldade da memória - digo que esquecemos as dificuldades da maternidade em prol da preservação da espécie - ou se realmente foi fácil.

Decidindo pelo desmame noturno

Como mencionei anteriormente, a amamentação prolongada ainda gera quase que uma repulsa da sociedade. É vista como “coisa de quem não tem o que comer” ou “mãe que não larga o filho” e outras opiniões até piores.  Agora, basta você falar sobre desmame e surge também um batalhão falando para não desmamar, para tomar cuidados e não causar traumas, entre outras coisas. Digo e repito o tempo todo: - Mães, só vocês e seus filhos poderão decidir o momento certo. Informem-se, mas ignorem todo e qualquer palpite.

Após meu filho completar 2 anos de idade, eu queria muito fazer o desmame noturno, mas uma série de crises de garganta adiaram meus planos. Durante estas crises, sei que a amamentação foi essencial para sua melhora. Em alguns dias da crise, ele se alimentava praticamente só do leite materno. Por outro lado, deixar ele voltar a mamar como um bebê, chegando a mamar de 3 em 3 horas durante a noite, me deixou exausta! Horários de bebê, mas com a fome de um menino!

Há algum tempo eu tentava a remoção gentil, evitando que dormisse no peito, e cheguei a conseguir uma melhora significativa. O problema foi ser vencida pelo cansaço. Alguns dias acordava vibrando, acreditando que meu filho tinha dormido a noite toda, mas meu marido logo dava a notícia “eu o levei até você duas vezes e você amamentou, não reparou?” Eu já amamentava dormindo, automaticamente.

Um pouco após sua melhora, eu estava decidida a realizar o plano do Dr Jay Gordon de desmame noturno, ele estava com 2 anos e 5 meses. Já havia tentado anteriormente, mas os planos foram interrompidos, pois não poderiam ser realizados durante crises de saúde ou mudanças.  Meu cansaço estava causando-me irritação, problemas de saúde e, com tudo isto, menos disposição para brincar.


Plano e diálogo

Eu não queria mentir para o meu filho, fingir estar machucada ou passar algo nos seios. Não conseguia ver isto como uma boa estratégia. Antes mesmo de iniciar o plano conversei muito com ele, explicava que eu também precisava dormir bem, que dormindo bem teria forças para brincar mais com ele, passear mais.
No plano do Dr Jay eu deveria escolher um período de 7hs para não amamentar. Defini de 23h às 6h. Conversei que neste período mamãe iria dormir e ele não teria leite.

Nas três primeiras noites deveria oferecer o seio, mas não permitir que dormisse no peito. Para ele dormir, poderia niná-lo, mas coloca-lo acordado na cama. A primeira noite foi a mais difícil, muito protesto e pouco sono. Indico fazer este plano no período de férias ou pedir ajuda a família para poder tirar um cochilo durante o dia. Digo isto porque é vital a mãe conseguir ficar acordada à noite.

Na segunda noite o protesto já diminuiu. Na terceira, ele já quase não pediu peito no período da noite escolhido, mas ainda recebeu colo.

Na  4ª, 5ª e 6ª noite eu poderia dar colo, mas não oferecer o peito, também deveria diminuir cada vez mais o nosso contato. A quarta noite foi de grande protesto e choro. Precisei de apoio do meu marido, mas sabia que minha presença era vital, e fiquei firme do lado do meu filho. Na quinta já foi mais tranquilo e na sexta ele nem pediu mais colo. Os famosos toquinhos leves no bumbum seguidos de “Shhhhh. Está tudo bem” foram suficientes.

Nas próximas quatro noites, não deveria pega-lo no colo. Isto foi fácil já que ele na sexta noite não pediu para sair da cama. Na sétima noite um grande presente: ele dormiu a noite toda! A grande maioria das mamães sabe como isto é valioso! Foi sua, e minha, terceira noite de sono sem interrupção depois que nasceu!


Desmame completo

Após o desmame noturno, ele costumava pedir peito somente duas vezes ao dia: quando acordava e antes de dormir. Algumas vezes solicitou mais uma vez pela manhã, mas foram poucos os momentos. Estavamos caminhando para o desmame completo.

Passei a evitar sentar nos locais onde amamentava. Tarefa árdua, já que o amamentei pela casa toda. Até minha cadeira do escritório estava relacionada ao peito! Se ele não pedia, eu não oferecia. Assim seguimos.

Um mês e meio após o desmame noturno ele começou a esquecer o seio. Quase não pedia, passava dias sem mamar. Eu quietinha. De repente ele já estava sem mamar a uma semana, duas... um mês!

Foi suave, gradativo. Meus seios não ficaram explodindo, não tomei remédios. Ele, com o nascimento de novos amiguinhos, os imitava puxando minha blusa e falando “Gugu dada, sou bebê, vou mamar!”, em seguida dava gargalhadas e dizia “Isso é coisa de bebê!”

Confesso que a saudade demorou a bater. Amei amamentar, mas me doei ao máximo e fiquei exausta. Hoje sinto nostalgia dos momentos de amamentação. Felizmente eles foram substituidos por muitas brincadeiras, muitos abraços, muitos beijinhos e muito carinho.

Indico ler também este post mais do que completo sobre desmame Diga não aos desmame abrupto.
Aqui uma mãe relatou sua experiência de desmame seguindo o plano do Dr Jay Gordon

Relato da Amamentação

Há algum tempo pensava em escrever sobre minha experiência. Participei em outros blogs na Semana de Incentivo a Amamentação, mas fiquei devendo aqui. Me desculpem, mas o relato é longo, afinal foram 2 anos e meio amamentando.

Amamentação e gravidez
Toda experiência é única. A minha foi muito prazerosa. Sofri mais durante a gravidez, pois fui mal orientada e passei a toalha na tentativa de preparar os seios. Os bicos ficaram fragilizados e voltei a sofrer com uma alergia que tive anos atrás. Conclusão: durante parte da gravidez meus seios estavam em carne viva! Tinha que ficar sem blusa em casa. A cura veio poucos meses antes do parto, através de homeopatia e banana. Os hidratava com a parte interna da banana. (Nota: se tentarem isto, usem sutiãs bem velhos pois a mancha não sai nem com os alvejantes milagrosos!)

Depois disto o preparo foi feito de forma correta. Banho de sol pela frestinha da janela ou banho de luz.

Os 6 primeiros meses

Eu digo que a amamentação foi meu segundo momento mágico. O primeiro certamente foi a chegada do meu filho. A pega foi correta de imediato. Não senti dor e a santa Lansinoh impediu que o princípio de rachaduras virassem algo dolorido. Brinco que, assim como com o desfralde, não tive grande mérito, tive foi sorte.






Algumas pessoas relatam que é preciso estar preparada psicologicamente. Eu digo que é preciso ter vontade, mas também sorte. Digo isto porque conheço pessoas aptas a amamentar, preparadas, informadas mas que mesmo assim enfrentaram dificuldades. (Leiam o blog da querida @flaviapbernardo, um exemplo de persistência).

Difícil avaliar o porque de algumas mulheres conseguirem amamentar e outras não. A diferença pode ser o apoio recebido ao redor. Falei sobre o preparo psicológico, pois o querido Dr Nicim, pediatra do parto e homeopata salvador,  me disse em uma conversa: “Vai sem medo”. Lembro de repetir suas palavras em minha cabeça, momentos antes de iniciar a amamentação.





Três dias após o nascimento do meu filho deixei de ter apenas colostro e o leite desceu...ou posso dizer subiu? Isto porque de repente eu não tinha seios, mas duas bolas de futebol. Segundo a exagerada da minha mãe, quase batiam no meu queixo! Novamente informação e experiência de outras mamães evitaram um problema, a mastite. Meus seios começaram a empedrar, dor na hora da mamada, dooooooor. A solução além da amamentação em livre demanda: retirar o excesso de leite de forma que não estimulasse ainda mais a produção. Usei uma bacia com água, os coloquei dentro e “rebolei”! Dica das Amigas do Peito. Tão atenciosas!





Meu filho sempre mamou muito, e as poucas vezes em que ele dormia um pouco mais eu acordava com os seios já doendo de tanto leite. Quase rezava para ele acordar! Retirava com a bomba, depois peguei o jeito da ordenha manual. No início dormia com as conchas (as minhas tinham uma esponja para colocar dentro) ou acordaria encharcada. Mesmo assim acordei algumas vezes banhada em leite.

Todos acham uma sorte a grande produção de leite, poder doar para outras crianças. Concordo em parte, mesmo com o risco da reação de algumas mães. Sofri com o excesso de leite. A minha roupa estava constantemente molhada, mesmo com conchas e protetores. Eu cheirava a leite. E o pior, descobri meses depois que uma das causas das cólicas do meu filho pode ter sido o excesso de leite. A criança ao sugar, quando o leite vem com tanta vontade quanto o meu, ingere ar também, o que causa cólicas.

Aaaaaaaaaa as cólicas. Capítulo a parte. Na tentativa de evita-las ia deixando de comer tudo que poderia gerar gases. Ainda me alimentava bem pois amamentar dá fome mas não sei se foi o medo das cólicas ou a voracidade do filhão, mas um mês após seu nascimento eu estava 1Kg mais magra do que quando engravidei. (Sei que me perguntarão quanto engordei na gestação. 12 Kgs)

Amamentação  é pura doação, um ato de amor. Quem amamenta em livre demanda entende bem isto. Se você consegue a meta dos 6 meses exclusivos sabe como é uma vitória. Não é fácil programar a vida em relação a rotina do bebê, estar lá a sua disposição sempre que ele desejar. De mulher independente, de repente me programava ao redor de um serzinho lindo.

Meu filho nunca aceitou bem a mamadeira, copinho e colher a contragosto. Isto nos fez sair correndo dos poucos encontros e datas importantes de amigos dos quais participamos nos primeiros seis meses de vida do meu filho. Se nos arrependemos? Não! Vivemos a parentalidade de forma intensa nos primeiros meses.

Amamentação prolongada

Quando você completa 6 meses começa a pressão externa para parar de amamentar. Isto pode soar entranho com tantas campanhas pró amamentação e mamães dando relatos de amamentação prolongada no mundo virtual.

As pessoas até aceitam bem no primeiro ano de vida da crianças. Amamentei até dois anos e meio e depois do primeiro ano o amamentar era acompanhado por olhares estranhos e comentários nada motivadores, principalmente da família.

Na casa da minha mãe, quando meu filho pedia peito, mesmo após ter comido seu café da manhã, era comum escutar comentários dos tios como “Larga esse peito que você já está grande!” “Dá uma trégua para sua mãe!” Eles não entendiam que isto ocorria principalmente quando ele tinha passado a noite lá, sem os pais. Na maioria das vezes ele buscava o aconchego, a aproximação.

Quando isto ocorria eu me inclinava e falava baixinho para ele e dizia "Liga não filho. Só importa o que você quer. Mamãe está aqui com você".  O desmame (tema para outro post) foi no nosso tempo, sem grandes sacrifícios.

Sei o quanto a amamentação foi vital para saúde do meu filho. Hoje, olhando para trás enfrentaria tudo novamente: as noites sem dormir, os banhos de leite, estar a disposição dele durante a livre demanda. Os momentos amamentando são lembranças maravilhosas, de pura sintonia e amor.

Esta última foto traduz um pouco nossos momentos, olho no olho...
Suspiro aqui só de lembrar!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Equilíbrio?

A pressão e busca pelo equilíbrio em minha opinião é equivocada. Ele não  é necessário a todo momento. Cuidar da alimentação, se exercitar, educar bem os filhos, ter tempo para família, amigos, marido, filhos novamente. Estudar e crescer profissionalmente. Dormir bem. Ter romance entre o casal. Cuidar da casa. Saber o que ocorre no mundo. Sem contar tentar  torna-lo melhor... sinto muito! Você não conseguirá realizar tudo.

Tente dividir suas 24hs ou 168hs da semana nisto tudo. Impossível! Caso faça tudo, aposto que em algum dia você terá esquecido uma refeição ou até mesmo o banho, dormido um pouco menos, rendido menos no trabalho por estar exausta, ter tido menos paciência com as crianças ou os que o cercam.

É  importante fazer escolhas. Decidir o que mais importa naquele momento. Toda escolha envolve um ganho e uma perda. Nem sempre é fácil lidar com isto.

Passei o primeiro ano da vida do meu filho bem afastada do trabalho. Sempre amei o que faço, mas naquele momento o importante era o meu filho. A perda? Ganhei bem menos dinheiro e com isto precisei economizar, me privar de alguns prazeres da vida.


Chegou num ponto que não conseguia mais conciliar meio período de trabalho e meio de filho, ou melhor, metade do período normalmente dedicado ao trabalho com filho presente. Precisava me dedicar mais ao lado profissional. E lá foi ele passar mais horas na escola. As mamães que trabalham fora irão vibrar agora. Eu passava as manhãs tentando dar atenção e trabalhar, mas não fazia nem um nem outro direito. Agora ele passa sete horas na escola. Ele fica mais feliz pois brinca muito, interage. Eu fico menos estressada pois quando estou com ele me dedico integralmente, assim como quando estou trabalhando a atenção é somente para os projetos e clientes. Claro que fico com saudade, mas estamos mais felizes e aproveitando muito mais nossos momentos.

Alguns dias o foco é trabalho, outros momentos com o marido (que a esta altura já aprendeu ser impossível estar cheirosa e cheia de amor para dar sempre ;-)), em outros o filhão, em outros eu mesma. Exercícios? Ainda não voltei para esta escolha.

Acredito que a chave da felicidade não é exatamente o equilíbrio, mas aceitar que não podemos fazer tudo, ser super em tudo. Fazer o melhor de si, sem pressão. Fazer as escolhas certas para nós mesmas. Independente dos julgamentos e olhares de amigos, familiares e sociedade.  Escolhas certas, isto sim é importante e nos leva à felicidade.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

TEMPO


Tempo, tão valioso, precioso. Nossas escolhas com o que fazemos com ele fazem toda a diferença em nossas vidas. Será por isto estarmos sempre com tanta pressa?

Quando meu filho nasceu o meu tempo parou. Nada mais importava a não ser ele, a nossa família, mas o tempo não parou ao redor. Meu sogro, ainda na maternidade, perguntou quando viria o segundo neto. A médica, com 15 dias me liberou para atividades físicas e nas consultas sempre cobrava meu retorno a estas atividades. Amigos e familiares cobravam quando poderiam visitar o pequeno. Logo depois pessoas perguntavam quando eu deixaria o bebê com alguém para sair somente eu e meu marido, afinal, “vida de casal também é importante!”

Por que tanta pressa?! Por que?! Não consigo compreender. Outro filho? Quando quiser, quando puder, depois de curtir muito o primeiro, talvez...talvez!  Quando visitar? Assim que o bebê tiver a chance de se adaptar a este nosso mundo, um tanto estranho para ele. Assim que eu me adaptar a nova vida de mãe.

Agora vamos ao último ponto: sair eu e meu marido... para quê? Sim é saudável, é gostoso mas nós saímos assim durante  mais de 11 anos (contando namoro, noivado e casamento). Nós já nos curtimos muito e agora, queremos curtir nossa nova família. Mesmo se não tivesse tanto tempo de namoro ainda seria delicioso aproveitar cada minuto deste momento. Não somos mais  um casal, nos tornamos uma família.

Nos primeiros meses ficamos exaustos com as cólicas do pequeno, com as noites sem dormir, com a nova rotina. Ao mesmo tempo quando meu filho dormia corríamos para namora-lo no berço, apaixonados. Nos entreolhávamos cansados, exaustos, mas com grande felicidade, uma explosão de amor jamais sentida.

Posso afirmar:  - Curtimos todos os instantes no primeiro ano de vida do meu filho. A primeira (e muitas outras) mamada, os cochilos, ele aconchegado em nós, o primeiro sorriso, o primeiro balbuciar, as primeiras brincadeiras, as primeiras papinhas e frutas, as primeiras palavras, os primeiros passos...

Fiquei com a famosa gordurinha na barriga ainda flácida, saimos pouco, tive o privilégio de poder reduzir bem meu ritmo de trabalho e aproveitamos muito, muito, este tempo que não volta.

Aos poucos nos adaptamos a nova rotina de família, de casal. Aos poucos e sempre aprendemos sobre nosso papel de pai e mãe. Retomei com alegria meu trabalho, as visitas, as festas, os encontros com amigos. No nosso tempo...sem pressa!

imagem: www.gettyimages.com.br

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Minha Vila


Imagem do Site VisitKorea

Durante a gravidez li um livro sobre parto normal que mostrava em determinado momento a diferença do apoio da comunidade à mulher grávida e em resguardo hoje e no passado. Quando ainda se moravam em vilas, pequenas comunidades, a nova mamãe recebia o apoio das mulheres da vila, seja com o bebê ou com os cuidados da casa. Nunca mais esqueci isto. Tão diferente dos tempos modernos no qual mal encontramos tempo para estar com amigos e familiares.

Depois de 40 semanas de gestação meu filho, meu presente, chegou. De repente estava em casa com aquele pacotinho lindo, um sonho realizado...mas e agora? Na primeira noite em casa, talvez por reação de uma vacina, ninguém dormiu. Ele chorava constantemente e eu e meu marido nos entreolhavamos desesperados por não entender o que acontecia. Com 15 dias começaram as cólicas... eu vivia cansada, sem dormir. Em algumas crises eu chorava junto com ele. Mesmo restringindo minha alimentação, tentando diversos métodos, as crises eram fortes e constantes. Conclusão, não conseguia quase passear com ele e me sentia isolada.

Neste período eu acabei conseguindo, de forma virtual, construir a minha vila. Uma comunidade recente no orkut, formada na maioria por mães de primeira viagem. Lá recebia carinho, apoio. Vi mães com dificuldades ainda maiores que a minha, outras não... mas todas passando por uma transformação enorme em suas vidas. De repente não era a única cansada, a única a me questionar se teria mesmo nascido para ser mãe, a única por chorar quando o filho sofria de dor (mesmo sabendo não ser nada grave), a única com mil questionamentos sobre cuidados com o bebê e mais, a perceber como tudo era diferente na prática.

Mamães mais experientes de diversas comunidades e blogs me enviavam dicas, me ofereciam um ombro amigo, arrumavam um tempinho via skype ou msn para simplesmente me escutar. Formei amigas com as quais troquei informações e abobrinhas. Com elas chorei e ri. No curto período entre filho, trabalho e sono era lá que mantinha alguma vida social.

Hoje continuo conhecendo mães pelo mundo virtual e com cada uma aprendo cada vez mais. A vocês mamães, minhas amigas, a minha grande vila, deixo a minha gratidão, o meu muito obrigado!

Anamaria Mendes